top of page

Canícula - Um poema

  • Foto do escritor: Algum Lucas
    Algum Lucas
  • 13 de jan. de 2021
  • 1 min de leitura

Canícula


Quando até os pelos do corpo

me doem

e as horas derretem-se

em caldas de tempo

que não foi,

sei que poderia matar na praia

um árabe

ou aceitar a eternidade no inferno

gelado de Dante.

Nestas noites quentes,

os segundos ficam terceiros,

mais distantes,

e os quartos sequestram

as correntes de ar que me juravam

resgate.

Nesta sequência,

sei-me não mais em uma noite

quente

— sei-me no quinto dos infernos e, de repente,

me surge no horizonte o primeiro

raio de sol que me anuncia

a já impreterível derrota.


Algum Lucas

Posts recentes

Ver tudo
Quem vai dizer? - Um poema de 2013

Quem vai dizer? Engraçado esse ser-humano. E o digo pensando ser um. Egoísta, altruísta, amante e sem amor nenhum. Não sei o que desejo....

 
 
 
Etnografia pelo seu corpo

Etnografia pelo seu corpo Exploro sua incivilização por um procedimento tátil, arriscando-me à inanição do esgotar-te em beijos...

 
 
 
Canícula - Um poema

Canícula Quando até os pelos do corpo me doem e as horas derretem-se em caldas de tempo que não foi, sei que poderia matar na praia um...

 
 
 

Comments


bottom of page