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Fábula #9 - Midas

  • Foto do escritor: Algum Lucas
    Algum Lucas
  • 2 de nov. de 2022
  • 1 min de leitura


Fábula #9 - Midas


Midas deveio rei jovem. Tudo o que tocava devinha ouro. Desde as primeiras ideias que apresentava, sabia-se que o poder deste homem era um de devires. Contraditoriamente, seus devires devinham absolutos – formas perfeitas com halos dourados, definições do que é irretocável.


Jovem rei Midas deveio lenda cedo. E à medida em que seus dourados devires devinham dogma, seu semblante jovem mantinha-se inalterado, como se o próprio toque de Midas o tivesse transformado. Seus feitos viajavam rápido, e a palavra de sua excelência devinha mantra.


O lendário Midas deveio profeta – aquele que por mérito e sensibilidade próprios transforma a palavra certa nos devires do mundo. Futuros singulares. O mantra de seus feitos ecoava como se possuído pelo próprio toque. O nome de Midas deviera seu próprio poder.


Certa manhã, Midas pleiteava consigo. Ao tocar no próprio nome, descobrira-se já há muito tempo eternizado na própria imagem. Não teve o tempo de dizer outra palavra – tamanha era a expectativa que o nome carregava, prodigiosamente percebeu que era um único feito e mais nada. E a palavra maior que o homem cessou o devir.


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Algum Lucas

 
 
 

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